“O ‘Método Professora de Papel | Histórias para Alfabetizar’ foi adotado em classes de APAE. Os resultados foram excelentes, dentro das limitações aos alunos”
A deficiência seria dos métodos, da escola ou das próprias crianças?
As três coisas.
Se nos lembrarmos que a Profª Maria Ângela conforme vimos no tópico Alguns Resultados, tinha dois alunos destinados à Classe Especial, mas acabaram por aprender mais que os outros — e prova disso foi que passaram direto da 1ª para a 3ª série (pulando a 2ª), veremos que a deficiência era do método. Foi mudar para método melhor para que os alunos revelassem suas potencialidades.
Mas nem sempre a culpa é da metodologia. Pode ser da escola. Vejamos:
Numa classe há sempre uma porcentagem pequena de alunos que demoram mais tempo que os outros em aprender. A sugestão é que haja uma triagem: classes separadas para potencialidades diferentes.
As autoridades (sumidades que nunca viram aluno de perto) são unânimes quando repetem feito papagaio a frase que as exime de culpa: “Não existe criança-problema. O que existe é professor-problema.” (!)
De acordo com esta afirmação (de quem nunca alfabetizou, repita-se), os alunos todos têm as mesmas potencialidades e, se não aprendem, a culpa é da professora, que sempre leva a pior!
Minha resposta é:
Criança-problema existe sim! Se não existisse seria incompreensível a existência das APAEs! Se não existissem, errados estariam os grandes cientistas estudiosos da mente, que criaram as medidas de QI (Quociente de Inteligência) para definir capacidades de inteligência em comparação a outros sujeitos da mesma idade. Estes cientistas criaram também os testes de QI. Depois de rigorosos anos de pesquisa séria para definir pontuações, aparecem as “modernas otoridades da mente” dizendo que esta classificação não existe e que inexiste pessoas com QI baixo.
Só para provar que as modernas “otoridades” de ensino estão equivocadas, copiei o que segue:
“Em 1905, Alfred Binet e Theodore Simon criaram a Escala Binet-Simon, usada para identificar estudantes que pudessem precisar de ajuda extra na sua aprendizagem escolar… Em 1912, William Stern propôs o termo “QI” para representar o nível mental, e introduziu os termos “idade mental” e “idade cronológica“… Em 1916, Lewis Madison Terman propôs uma fórmula para determinar QI. A classificação proposta por Lewis Terman era a seguinte:
QI acima de 141: Genialidade (gênio ou quase gênio)
Entre 121 e 140: Inteligência muito acima da média
Entre 110 e 120: Inteligência acima da média
Entre 90 e 109: Inteligência normal (ou média)
Entre 80 e 89: Embotamento
Entre 70 e 79: Limítrofe
Entre 50 e 69: Cretino”
Depois aconteceram outras inovações na aplicação destes testes e as últimas foram em 2005 (veja bem: 2005!!! É quase hoje!) e a classificação sofreu ligeira modificação, atingindo outros níveis de debilidade mental, até a debilidade profunda.
E dizem nossas mui sábias “otoridades” que criança problema não existe!
Em Guarulhos numa palestra com alfabetizadoras, uma professora de escola particular me inquiriu:
“Minha escola possui alunos que não aprendem. Adotamos o seu método porque ele foi criado para alunos difíceis. Mesmo assim, cada classe possui alguns alunos que não acompanham. Por quê?”
Minha resposta foi outra pergunta:“Houve alguma seleção? Vocês fizeram triagem para colocar os alunos, cada qual entre seus iguais?”
“A diretora não permite seleção de alunos, para não humilhar os mais fracos.”
“Pois os separe! A seleção ajuda os mais lentos, ao mesmo tempo em que permite aos demais que avancem no processo. A não seleção faz injustiça tanto aos gênios, quanto aos fraquinhos. Separe os alunos por nível de capacidade. A professora que ficar com a classe fraca vai retomar o ensino desde o início respeitando, de verdade, o ritmo das crianças. A lei fala tanto em respeito ao ritmo de cada educando, mas manda misturar alunos, negando-lhes o tempo necessário para aprender ou negando-lhes que aprendam mais depressa. O problema é que, com alunos misturados, a professora fica perdida entre uns e outros; e não ensina a contento, assim como ninguém aprende a contento. Pois deem oportunidade a que cada um tenha aulas de acordo com seu ritmo.”
“Mas os menos capazes não vão se sentir diminuídos?”
“Ficarão, se vocês contarem o motivo da seleção. Mas eles não vão saber!”
“Mas a coordenadora fala que numa classe misturada, os mais fortes puxam os fracos para cima.”
“O que se vê são os fraquinhos puxando os fortes para baixo.”
Dois meses depois, esta mesma professora me telefonou:“Deu certo! A diretora aceitou a sugestão e separamos as crianças. Os alunos mais capazes deslancharam, desde que não têm de ficar esperando pelos outros. O ritmo está acelerado nestas classes. Os medianos vão mais devagar, mas estão caminhando bem. E os fraquinhos, de repente começaram a aprender! Bastou que estivessem longe dos outros pra se sentir seguros, sem aquela competição desleal que tinham de suportar. Aliás, eles se sentiam diminuídos era junto aos de aprendizagem rápida. Agora, junto aos seus iguais, não se sentem comparados, não se sentem tão ruins quanto antes. Liguei pra falar que estávamos fazendo errado.”
Neste caso, a culpa estava sendo da escola, que obrigava a ficar lado a lado, numa mesma sala, alunos de diferentes níveis intelectuais pois segundo os “especialistas”, “Não existe criança-problema…” (?)
E como vimos naquela classificação de Binet-Simon, há crianças com deficiência tal, que não podem estudar em classe comum.
O “Professora de Papel” foi adotado em classes de APAE. Os resultados foram excelentes, dentro das limitações aos alunos. É verdade que, em DM, os resultados não seguem o mesmo ritmo de classe comum. Mas com DM, tudo é imprevisível e incerto; de nada se pode ter certeza. Mas vale a pena testar.